Nos tempos de adolescente no E.D.D, somente três coisas davam status pros pivetes como eu:
Sair com uma mina show, jogar no dente de leite do Grêmione tocar na banda...não, necessariamente nessa ordem.
A primeira eu estava engatinhando, mais cedo ou mais tarde ia rolar, a
segunda foi difícil, mas eu, o Viana e o Feliz conseguimos e fomos
babando, juntos, pra fanfarra.
Pegamos uma época de declínio, muitos dos feras já haviam saído
e o comando estava sendo trocado, nem fazíamos que estávamos
participando do capitulo final, os últimos acordes do orgulho do
Educandário Dom Duarte.
O Feliz e o Viana, que já tinham uma
habilidade musical se sentiram à vontade, um pegou a caixa e o outro
pegou um surdão...e eu ???
Me jogaram uma marimba nos braços e, quando me
perguntavam que instrumento eu tocava, na maior, eu respondia:
_De tudo um pouco.
O Zé Almir já era veterano, tocava o bumbo, ensaiava do meu lado, fazia
uma graças com as baquetas, rodava-as nas mãos e batia...Ah que inveja
do Zé !!!.
Geralmente ele era desajeitado, engraçado até, mas ali era
senhor de si, e eu com a minha marimba.
A fanfarra ficou sem
comando, o João Beline, que era marido da professora Íris e pai da Ilka,
minha amiga, se ofereceu pra comandar.
Se dava status pros meninos,
imagine como era prum adulto, comandar a maior e melhor fanfarra de São
Paulo, não deu outra, o seu joão ficou insuportável, com ares de muito
importante.
O Francelino tocava o trompete, um passo na minha frente, de quando em vez desafinava, mas, quase não dava pra perceber.
O Zé fazia seu habitual malabarismo, o Francelino deu uma nota errada e
eu na minha marimba esperando a minha hora, o chefe da fanfarra se
aproxima e fica do meu lado, de ouvidos atentos, o Francelino dá uns
acordes perfeitos, o Zé castiga o bumbo e o faz de olhos fechados, o
trompete desafina só um pouquinho, o seu João tem dúvidas e chega mais
perto, minha vez de tocar a marimba...tim, tim, dom, o chefe gostou e
sorriu pra mim, aproximou-se do Francelino, não ia perder o próximo
acorde do trompete, ao fazer isso fica muito perto do bumbo, inclina a
cabeça, esperando o Francelino soprar...
Antes mesmo que o
Francelino tocasse, a baqueta pesada o atinge em cheio no nariz, pulei
pra trás, no espaço que eu deixei cai o corpo do chefe da
fanfarra...nocauteado, feito um lutador de boxe.