Um amigo, que é amigo de profissão e de rede social me perguntou porque eu passei a postar os vídeos com o link do meu blog e assiná-los.
Para explicar, eu tive que contar uma historia... senta, que lá vai historia.
Tem 12 anos que me mudei pra Bahia, de mala e cuia, com esposa e filhos, e vim morar em Camaçari.
Camaçari é vizinha de Salvador, quem mora em Camaçari, não fica sem ir, pelo menos, uma vez por mês, à capital e, como eu faço amizade fácil, conheci o Carlinhos.
Carlinhos é um ambulante que vende artigos piratas na rampa que dá
acesso à rodoviária de Salvador, muito comunicativo, como a profissão
exige, mostrou-me uns CDs com filmes, os quais eu não havia assistido ainda, na
época, eu não sabia da capacidade da minha internet e levei uns 5 CDs à
um preço ínfimo, tudo bem.
Ao chegar em casa deparei com essas
porcarias que os caras gravam da poltrona do cinema, uns não tinham
sincronia entre a ação e o áudio e, em todos eles, podia-se ouvir as
risadas e os palavrões do público.
Fazer o que???joguei no lixo e
esqueci do assunto, todas as vezes que eu encontrava o Carlinhos,
conversava, conversava e não comprava nada, no fim das contas era
sempre, um bom papo.
Tentando a todo custo me empurrar alguma
coisa, me ofereceu alguns CDs de música, dessas músicas regionais, para
não ser mal educado, disse-lhe:
_Eu gosto de MPB, fora desse contexto, eu fico muito mal humorado.
E, sempre que ele se sentia prejudicado, vinha com essa:
_Pô, aí você me quebra.
Dai em diante, se seguiu um longo tempo, em que ele tentava me empurrar um produto sorrindo e, eu, sorrindo, declinava.
Nos últimos anos, como é natural acontecer, meus filhos cresceram, me deram netos e compraram carros, não exatamente nessa ordem, parei de
tomar o ônibus para ir à capital, então, não vi mais o Carlinhos, nisso,
se soma uns bons 3 anos.
Conhece aqueles tiozinhos que gostam de
viajar de ônibus???pois é, esse cara sou eu, driblei a carona dos filhos
e do genro e, na véspera do último natal, peguei o buzão para Salvador.
Na volta, quando principiei a subida na rampa da passarela, o Carlinhos me
avistou, abriu o sorriso e os braços e nos cumprimentamos demoradamente.
_Ô paulista, eu tenho cá um baguio que você vai gostar.
Pegou uma caixinha de DVD muito bem acabada, colorida e me deu, li a capa:
_150 vídeos com o melhor da Música Popular Brasileira.
Já, o Carlinhos batia em minhas costas, com ar de quem já vendeu...._Hum, hum !!!
Na parte de baixo, em letras menores, estava escrito:
"extraídas do canal de NILTON VICTORINO FILHO".
Pensei em soltar uma estrondosa gargalhada, mas, me contive.
A cara de vitória do ambulante estava muito engraçada.
Enfiei a mão no bolso das calças e tirei o RG:
_Carlinhos, olha o nome que está escrito aqui.
Ele pegou a cédula e a leu em voz alta, pegou o DVD e conferiu.
Seguiu-se um breve silencio.
_Caramba, pirateei o amigo.
_O mínimo que você tem a fazer, é me dar esse de graça.
Levou só uns centésimos de segundo a reflexão, colocou a caixinha perto das outras:
_Aí o amigo me quebra.
sexta-feira, 3 de março de 2017
Ainda invicto
Todo esse tempo e nunca fui assaltado, tem gente que pensa que é mentira, pode ser sorte ou é a lua mesmo.
Dia desses, eu me encontrava no lugar e no dia mais fácil de ser assaltado em Camaçari.
Em frente do Correio, do outro lado da prefeitura municipal, era feriado e se você quiser ser assaltado, esse é o lugar, se for feriado então, prato cheio.
Não que eu quisesse estar ali, estava com pressa e não queria entrar na rodoviária pra seguir viagem pra Salvador.
Havia no ponto sete pessoas, todas elas com celulares no ouvido, uma moto passou e parou ali na frente, dois ocupantes, o da garupa desceu, puxou o revolver que estava dentro da calça e anunciou o assalto, o único que teve o trabalho de tirá-lo do bolso fui eu, as outras pessoas já estavam com eles na mão e só entregaram, fui o terceiro que estendeu o celular, o assaltante fez que não viu.
Estiquei a mão e mostrei o meu celular:
_Meu irmão, não quero essa bosta não.
Recolheu todos os sete e eu enfiei o meu no bolso, subiu na garupa da moto e queimou o chão.
Situação embaraçosa, todo mundo com cara de tacho e, por consideração, me ofereci pra ligar pra polícia, todos concordaram.
_Não vai dar não, esqueci-me de carregar.
Assinar:
Postagens (Atom)