sábado, 22 de abril de 2017

Amigos para sempre.




Essa é, como todas as outras, biográfica, no entanto ela transcende o limite do tempo, pois, começa no ano de 1980 e termina em 2007, portanto 27 depois.
Nunca, em tempo algum, tive amigos feito os que tive no lar 14 do Educandário Dom Duarte.
  Claro que, no decorrer da minha vida tive umas centenas de amigos, tenho a natureza de fazer amigos com facilidade, mas igual aqueles, nunca mais.
  E então, ao final daquela partida contra o 13, em 1980, foi como se houvessem retirado a cereja do nosso bolo, simbolicamente, aquele título selaria com chave de ouro a vida daqueles meninos.
  Se aquele dia marcou o apogeu daquela turma, também marcou o início do fim de uma era, aos poucos, os amigos foram saindo do Educa e, aquela turma foi diminuindo, até restar só eu.
  Nos caprichos da vida, ingressei na carreira do esporte e, uma dúvida cresceu dentro de mim: Será que se eu estivesse do lado de fora do campo, a nossa sorte teria sido melhor???
  Como saber disso com certeza? Só se existisse uma máquina do tempo e, a gente poderia voltar no tempo, para resolver aquilo tudo.
  Mas, pode o leitor confiar em mim, sem usar os milagres da tecnologia, eu consertei tudo.
  Nunca escondi que a minha escalada esportiva se deveu aos ensinamentos que tive no Educa, sentado na escada do campão, apaixonado pelo futebol do Grêmio Educandário, fui aprendendo os segredos do esporte, tendo mestres como os professores Aguirre, Pazzeli e Claudinei, me destaquei e escrevi a minha trajetória como treinador...num sentido mais amplo, tudo o que ensinei aos meus alunos, aprendi no Educa.
  Em 2007 haveria a terceira edição do Cingabol, uma competição com 24 equipes de conjuntos habitacionais das periferias de São Paulo e, me veio uma ideia à cabeça:
  Que tal tirar aquela velha dúvida???
  E, tendo um time com 3 anos de treino, decidi remontar aquele time do 14, ao meu filho caberia o meu papel, os outros jogadores do Dínamo seriam os outros internos, meus grandes amigos.
  Já que a tática do nosso time antigo foi criada mesmo por mim, era ela mesmo que eu usaria.
  Não precisou de muito esforço, o time do meu filho tinha um nível de amizade que se aproximava exatamente ao que tínhamos, eu e os moleques do 14.
  Um pouco antes de começar o campeonato, numa partida amistosa, a bola não estava em jogo, o trio de meio campo ficou a conversar e, eu sabia que não estavam falando nada a respeito do jogo, por uns instantes eu pude ver uma cena do passado, eu, o Viana e o Feliz, descontraídos, falando besteiras.
  Uma coisa só, era diferente nesse time, diferente de mim, que era esforçado, meu filho era craque.
  E, eu tinha mesmo razão, do lado de fora, pude consertar todas as falhas do time.
27 anos mais tarde, meu filho, com 12 anos de idade, ergueu o troféu de campeão invicto, para lavar a alma dos meninos do pavilhão 14.