quarta-feira, 12 de abril de 2017

A castanheira


Definitivamente, eu gosto muito de árvores, meu hobby predileto é plantá-las, já plantei árvores em lugares absurdos da capital de Sampa.
Elas sempre habitaram a minha vida, antes do Educandário Dom Duarte eu já tinha essa paixão, na Casa da Infância uma enorme seringueira reinava absoluta no canto da quadra, a coisa que eu mais gostava de fazer era subir em sua copa, de lá, se podia ver uma grande extensão da avenida Nazareth.
Quando cheguei ao Educa essa paixão cresceu e virou amor, dificilmente, o leitor não irá encontrar, nas minhas narrativas, uma árvore.
Elas são grande parte da minha infância e, como tal, são amigas da minha infância.
Já contei da jaqueira da subida, do abacateiro da bifurcação, da araucária gigante do bosque, das uvalhas de trás do pavilhão e dos pinheiros que ladeavam a estrada do 12, me lembro que quando desembarquei no 14, em volta do prédio amarelo havia uma imensidão de árvores, acalmei o coração e me disse:
_. Ah, eu posso morar num lugar lindo assim.
Talvez alguns dos antigos moradores do 14, contemporâneos meus, possam ter esquecido dela e, eu posso entender isso, por vezes, ela causava revolta nos meninos.
Do lado direito do pavilhão, se estendia uma enorme área de terra vermelha batida, que vinha do barranco das uvalhas e terminava por trás da fileira de seringueiras, isso compreendia uns trinta metros quadrados, do lado de fora da rouparia, ela imperava, seus galhos eram fortes e grossos e se abriam para os lados, sua sombra dominava a área toda, incluindo a rouparia e o refeitório, em tardes de verão, ali sempre era o melhor lugar para brincar ou contar histórias.
O que revoltava os meninos era a obrigação diária de limpar aquele pátio, não pelo trabalho em si, é que a castanheira jogava constantemente a sua produção, as castanhas vinham ao chão, cada três ou quatro delas, envolvidas em uma proteção de espinhos, esses eram uma tortura para a pele, havia uma época do ano que essa área parecia um tapete marrom, de tanto espinho.
Em compensação, na época certa, a castanha que vinha dentro, depois de cozida, fazia toda a tortura valer à pena.

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