domingo, 30 de julho de 2017

Um esquadrão de honra.


Falando como técnico, para se montar um elenco, basta juntar uns jogadores, distribuir as posições, muni-los com as roupas do time e manda-los ao campo, isso se, se quer um bom time.
Para se montar um esquadrão, com jogadores honrados, leva mais tempo, é preciso passar valores e regras de convivência e respeito ao esporte, à família, aos companheiros e aos adversários.
Quando o infanto-juvenil do Butantã entrou no campeonato da São Remo, em 1995, já era uma formação de pouco mais de dois anos, por esse tempo, se tem o amadurecimento de uma equipe, o time já estava, em termos futebolístico, jogando por música.
O Sandrinho, filho do Lino, se juntou ao time e isso deu mais dinâmica ao meio de campo, somado ao Alex e James, passamos a jogar com três volantes, mais liberdade para o Alemão e o Ademar nas armações de jogo.
Num dos jogos classificatórios, já havia terminado o tempo regulamentar e o arbitro se recusava em apitar o final do jogo, fui reclamar e ele disse:
_. Ué, deixa os meninos jogarem mais.
Empolgado com a atuação do time, o maluco queria assistir mais daquele futebol bonito, nossas apresentações enchiam arquibancadas.
Serem alunos da mesma escola e morarem, quase todos, na mesma rua, ajudava muito na amizade do grupo.
Por vacilo, chegamos ao último jogo sem o número de gols que desse para se classificar, isso, só eu sabia.
Bom...para testar a fibra do grupo, eu menti, disse que havia uma chance de classificação, a classificação viria se, vencêssemos o jogo por dez gols de diferença.
Essa história já contei em outra postagem, começamos perdendo por um gol e, no segundo tempo, viramos para 11 a 1, com direito à gritos meus e tudo mais.
Diz a regra da várzea que, se um time sofrer uma derrota por dez gols ou mais, fica obrigado a se desfazer do seu uniforme de jogo, ou seja, entrega-lo ao adversário, fechado na mala, na mesma hora.
Alguém da torcida gritou, outra pessoa concordou e começou um coral:
_. Entrega a camisa para o Dínamo.
O diretor da Ponte Preta, conhecia a regra e passou a recolher as camisas dos meninos, juntou-as todas na bolsa, camisas pretas com uma faixa branca no lado esquerdo, calções e meiões pretos, deixou no banco, para que eu fosse pegar.
Nunca passou pela minha cabeça ganhar aquela roupa, mas queria ver a atitude do time.
Diante das roupas do adversário, não houve um questionamento, sequer uma palavra, todos, viraram-se e foram embora.
Uma semana depois, estavam no morrão, catando bolas no córrego, para ajudar o time feminino comprar os uniformes.

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