Ser Corintiano hoje em dia é fácil, quando eu era moleque, o
Corinthians não era esse fenômeno todo e alternava entre a mediocridade
e a raça, raça sempre foi o forte do meu clube.
Mesmo assombrando o mundo com a conquista de 1977, não melhorou muito.
Nessa época, eu era ajudante de pintura de dois inimigos, ambos
tinham mais de 40 anos e mesmo tendo opiniões oposta em tudo, se davam
bem.
O Sergio era branco, protestante e torcia para o São Paulo, era especialista em acabamento, o Claudio era negro, católico, torcia para o Palmeiras e podia pintar 3 casas numa tarde.
Eu fazia parte da equipe, era menor de idade, tinha 13 anos e, tinha
que aguentar os dois, os únicos momentos em que eles concordavam entre
si, era quando escrachavam o meu time, é claro que eu me defendia, mas
havia passado 23 anos na fila, não havia muito o que falar.
Meu sofrimento acabou no dia que o doutor Sócrates fechou contrato com o Timão e, daí então, eu fiquei insuportável.
Em todas as segundas, depois de um clássico contra um dos times
deles, eu vinha gritando, cobrando a aposta e a gozação durava até o
próximo domingo.
Num belo domingo, quando eu chegava ao Morumbi,
para assistir ao jogo contra o Santos, dei de cara com os dois na
bilheteria, na fila da torcida do Corinthians...fiquei de boca aberta.
Ao me ver, os dois disseram juntos:
_Não enche o saco neguinho, viemos assistir ao show do Doutor.
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