O seu Odilon e a dona Ana, é bem provável que tivessem tido uma passagem bem desgraçada, cada um deles, em suas infâncias.
Isso justificaria os maus tratos à que submeteram os internos do lar 14, dois bichos, que resolveram constituir família e acharam um empregoo com casa e comida.
Sua função era bem específica; cuidar de 45 menores, dar-lhes uma educação e protegê-los.
Não que isso fosse um serviço fácil, mas, durante o
tempo que o exerceram, deturparam tudo... espancavam, castigavam e os expunham-nos
à escravidão infantil e, lucravam com isso, com a conivência da diretoria e da
Liga das Senhoras Católicas.
Analfabeto e coxo da perna esquerda carregava sempre um revólver à cinta, a esposa achava tudo isso normal.
Quando explodiu na imprensa, a verdadeira condição à que os internos do Educandário Dom Duarte eram submetidos, a primeira cabeça que rolou, depois das dos irmãos, foi a do Odilon.
A sensação de liberdade que nos alcançou nesse dia, deve ter sido igual à da assinatura da lei áurea, quando voltamos da escola, já havia se escafedido o nosso algoz.
Respiramos um ar de liberdade que não conhecíamos e ficou, em seu lugar, o Luís Antônio, que era o interno mais velho, como nosso responsável.
Luís Antônio, aliás, uma das almas mais iluminadas que eu já tive o prazer de conhecer.
Nesse ponto, tem uma coisa que acontece com meninos e, que não cabe explicação... era ruim o Odilon? Ah, ele era bem pior que eu descrevi.
Mas, para meninos que não tinham pai, era um pai ruim, mas era a única coisa que se aproximava da figura de um pai, pelo menos, para aqueles que não tinham um pai...que coisa doida.
E então, contrariando tudo o que o bom senso chama de razoável, fomos, eu, o Viana e o Adilson (Ovinho) visitar o Odilon em sua nova residência.
Foi morar na Vila Borges, bem perto da Foseco, nos recebeu bem o casal, ficamos a tarde toda e eu tive a chance de brincar, de novo, com a menina Márcia, a filha caçula deles, que tinha uns seis anos.
Quando voltamos para o Educa, já nos paralelepípedos que ladeiam o campão e parte em direção ao Aprendizado, nós três tinham a companhia do arrependimento e o silêncio pesava.
Não falei palavra nenhuma, o Viana disse:
_Que merda a gente acabou de fazer? Esse casal tratava a gente feito bicho e a gente sai para visitar, como se fossem pessoas de bem.
Quando o Viana ficava nervoso, uma veia aumentava e ficava visível em sua testa, permaneci em silêncio, sentia mesmo a vergonha do amigo.
E, veio do Adilson, o amigo de menor inteligência entre todos os meus amigos:
_. Eles não eram bons, é verdade, mas nós somos.
Nascemos assim e nem a longa convivência com pessoas ruins, nos há de tirar essa bondade, se é verdade que cada um dá o que tem, nós acabamos de dar a eles o que eles nunca nos deram.
Analfabeto e coxo da perna esquerda carregava sempre um revólver à cinta, a esposa achava tudo isso normal.
Quando explodiu na imprensa, a verdadeira condição à que os internos do Educandário Dom Duarte eram submetidos, a primeira cabeça que rolou, depois das dos irmãos, foi a do Odilon.
A sensação de liberdade que nos alcançou nesse dia, deve ter sido igual à da assinatura da lei áurea, quando voltamos da escola, já havia se escafedido o nosso algoz.
Respiramos um ar de liberdade que não conhecíamos e ficou, em seu lugar, o Luís Antônio, que era o interno mais velho, como nosso responsável.
Luís Antônio, aliás, uma das almas mais iluminadas que eu já tive o prazer de conhecer.
Nesse ponto, tem uma coisa que acontece com meninos e, que não cabe explicação... era ruim o Odilon? Ah, ele era bem pior que eu descrevi.
Mas, para meninos que não tinham pai, era um pai ruim, mas era a única coisa que se aproximava da figura de um pai, pelo menos, para aqueles que não tinham um pai...que coisa doida.
E então, contrariando tudo o que o bom senso chama de razoável, fomos, eu, o Viana e o Adilson (Ovinho) visitar o Odilon em sua nova residência.
Foi morar na Vila Borges, bem perto da Foseco, nos recebeu bem o casal, ficamos a tarde toda e eu tive a chance de brincar, de novo, com a menina Márcia, a filha caçula deles, que tinha uns seis anos.
Quando voltamos para o Educa, já nos paralelepípedos que ladeiam o campão e parte em direção ao Aprendizado, nós três tinham a companhia do arrependimento e o silêncio pesava.
Não falei palavra nenhuma, o Viana disse:
_Que merda a gente acabou de fazer? Esse casal tratava a gente feito bicho e a gente sai para visitar, como se fossem pessoas de bem.
Quando o Viana ficava nervoso, uma veia aumentava e ficava visível em sua testa, permaneci em silêncio, sentia mesmo a vergonha do amigo.
E, veio do Adilson, o amigo de menor inteligência entre todos os meus amigos:
_. Eles não eram bons, é verdade, mas nós somos.
Nascemos assim e nem a longa convivência com pessoas ruins, nos há de tirar essa bondade, se é verdade que cada um dá o que tem, nós acabamos de dar a eles o que eles nunca nos deram.