quinta-feira, 13 de julho de 2017

O José Almir



 

  Tem uns amigos que você vai lembrar para o resto da vida, alguns, você se lembra do começo de tudo, quando ainda nem havia o que se lembrar e, o amigo já estava lá, tem aqueles amigos que você simpatizou à primeira vista e tem aquelas amizades que começaram com a antipatia gratuita, depois de muita brigas, veio a paz e, aos poucos... a amizade.
  O Zé Almir foi esse última opção, ele era uns dois anos mais velho que eu, tenho lembranças de a gente brigando e da gente correndo juntos, para não apanhar da torcida do Palmeiras, na saída do Morumbi.
  Nas muitas aventuras no Educandário Dom Duarte, as turmas dos pavilhões se juntavam, nós, do 14, juntávamos aos caras do 12 e saíamos de rolê, o Zé era do 12, ele era feito eu, sempre relegado ao papel secundário.
  O Zé, era o melhor amigo do Valdevino e eu, era unha e carne com o Viana, nós quatro colecionávamos gibis...O Valdevino possuía um baú com centenas de revistas do Téx e mais centenas do Fantasma, o Viana era proprietário de uns 200 exemplares de Os Vingadores, entre os Marvel do Zé Almir, haviam uns raros, entre eles, a primeira aparição do Falcão Negro e a minha coleção do Homem Aranha chegava fácil à uns trezentos gibis.
  Todos, éramos fanáticos pelos mineiros do Clube da Esquina e, quando nos juntávamos a outros meninos, editávamos a nossa versão do futebol profissional, saíamos pela área do Educa e desafiávamos outros times, quem vencesse, levava umas garrafas de Tubaína.
  Por essa época, o capitão Pazzeli montou uma equipe poliesportiva que, além de jogar o futsal, também praticava o Handebol, o Basquete e as provas olímpicas, tudo isso com apenas 12 atletas, isso fez com que nós, não desapartássemos por nada, ou quase nada.
  Dessa turma, o que primeiro conheceu a glória de se enamorar, foi ele, o Zé...e não foi com qualquer uma, foi a Elzamar, simplesmente a menina mais bonita da escola.
  10, entre 10 alunos do grupo escolar suspiravam por ela, sua pele trigueira, os cabelos de um negro que brilhava de tão escuro, os lábios carnudos, os olhos d'um castanho irreal e, principalmente o andar suave...muitas vezes, no pátio, aquelas rodinhas de amigos que se formam para falar dos mais variados assuntos eram desfeitas, para ela passar e, vinha o silêncio, quando ela andava, jogava no ar o odor de jasmim, truta, era como se o mundo parasse, só quando ela já estava longe, as rodinhas voltavam a se formar e o alarido continuava.
  É claro que, começamos a olhar o Zé com a má vontade de quem perde um duelo e, passamos a fazer piadas sobre o casal, tachamos o romance de "A bela e a fera".
  Coincidentemente, encenávamos uma peça de Shakespeare, (nem sei qual delas) eu, de mocinho, de meia calça e espada, a mocinha em meus braços, o diretor Sergio mandou e, eu beijei a Elzamar, muito mais tempo do que a cena pedia, depois que gritaram
  _CORTA, eu a encostei na parede de cenário e a beijei, como se não houvesse amanhã.
  Nessa hora, eu não lembrei do amigo, do compromisso dela e... ela continuou a cena, quando nos soltamos, notei, pelo avermelhado de sua face, que havia feito besteira, não me pesou a consciência, não mesmo...aquele foi o primeiro beijo da minha vida.
  Instantes depois, coisas de 10 minutos, o Zé me barrou na fila do refeitório, muito revoltado, exigia uma explicação, para tamanha canalhice, eu não queria brigar, disse que exageraram a coisa toda, foi somente duas pessoas interpretando um beijo, só um beijo técnico.
  _Como o amigo pode acreditar que eu, não lhe tenha a consideração????
O capitão Pazzeli não era muito alto, era um militar que gostava de mostrar a sua autoridade, gritava o tempo todo, estando certo...ele gritava, estando errado também. Ele gritava:
  _Democracia???estou cagando e andando para essa tal de democracia.
  . Um dia, pedi um aparte e disse, que se fosse possível, ele parasse de me chamar de Niltinho.
  _. Olha aqui, pivetinho, até a hora que você merecer, vai ser chamado no diminutivo e, aproveitando que você está ousado hoje, cai no chão e paga 50 flexões.
  E, ainda que fosse ele assim, tão autoritário e arrogante, era o professor mais querido que já tivemos.
  Para falar a verdade, foi nele que eu me inspirei, quando me tornei professor.
  Em 1981, fomos disputar uma Olimpíadas entre algumas escolas estaduais, no município de Ribeirão Pires, como eu disse, nosso plantel era composto dos melhores atletas do Educa mais eu, que só fazia parte da equipe, por ser um excelente auxiliar técnico, de quebra, fazia o salto em distância, corria os 400 metros, pegava no gol do handebol e entrava na quadra para bater as faltas e os pênaltis(entrava, fazia os gols e voltava para o banco) com 12 anos eu já estava fazendo estágio, na minha profissão futura.
  Quando descemos no estádio da cidade, o professor declarou que queria bater o recorde do ano anterior, que havia sido de 19 medalhas.
  No handebol e no Basquete foi como tirar doce da boca de criança, no futsal levamos a de ouro, mas foi tão dura a disputa, que a maioria dos atletas mal tinham folego para disputar as provas individuais.
  . No salto em distância, apareceu um guri que media o dobro da minha altura e, ao invés de espinhas na cara, tinha barba, o pior salto dele foi a minha melhor marca, e isso me rendeu a prata, mas peguei o ouro nos 400.
  Os meninos, que haviam dado tudo no futsal, sentiam as dores, o Valdevino, que fazia 100 em 10 segundos, levou a medalha de ouro, mas, acabou com um estiramento dos nervos, a essa altura, havíamos arrecadado 18 medalhas, parecia que o sonho do capitão havia ido para o brejo.
  Anunciaram no alto-falante, a última prova, 800 metros, num dia feliz, essa prova seria dividida pelo Zé Almir e o Valdevino, seriam duas medalhas certas, o professor pediu tempo para os organizadores, foi falar em particular com eles e os outros professores, olhei para os nossos atletas, o Valdevino jazia na arquibancada, sem qualquer condição física,  o Zé estava em pé, mas, os 200 metros o havia deixado sem folego nenhum.
Depois de um tempo, voltou o capitão Pazzeli a sorrir, me chamou de canto e disse:
  _O Valdevino está fora, você está substituindo ele.
  _Professor...
  _. Você vai ser o coelho, fica emparelhado com todo mundo, na marca dos 400, dispara em velocidade, isso vai forçar todos, você sai e o Zé ganha a corrida.
  _Professor...
  _. Isso é uma ordem.
  _Professssor...
 Pôs a mão direita em meu ombro e segredou:
  _O Zé está só o pó da rabiola, você vai ter que, quando disparar, dizer alguma coisa, que faça ele esquecer a dor.
  _Professor...
  _Sua missão...NILTINHO.
  Eu já estava me aquecendo na linha, o Zé chegou na raia dele, se arrastava, parecia um corpo sem alma, fiquei pensando o que eu faria para o morto ressuscitar.
  O tiro ecoou, partimos, nos 800 não existe arrancada, nesse instante percebi que todos estavam exaustos, não só o Zé, o ritmo da corrida era muito mais lento que se podia imaginar, avançamos 100, velocidade mínima, 200 e 300, ouvimos o retardatário cair, alguém chegou no seu último esforço e tombou, agora éramos apenas 7, me preparei para o sprint, os 400 já chegavam, olhei para o lado esquerdo, a careta de dor do Zé me dizia que ele ia se entregar, a marca se aproximava, chamei o Zé :
  _Zé...a boca dela é muito macia.
  _Que é, moleque ???
  Pisei na marca dos 400 metros, disparei e gritei:
  _A boca da Elzamar, seu trouxa.
  No meio daqueles guris de pernas longas eu acelerava, como se fosse um fundista, nos 600, quando eu ia parar, ouvi a voz do Zé:
  _Filho da puta.
  Ele não tinha intenção nenhuma de me ultrapassar, acelerei, tinha medo que ele me derrubasse naquela pista cheia de pedrinhas, na velocidade que eu ia, a coisa ia ficar feia.
  700 e o Zé no meu encalço, dava para ouvir ele bufando nas minhas costas, o pior é que ele gritava palavrões, acelerei mais ainda.
  Ninguém entendeu nada, quando pisei na marca de chegada, continuei a corrida, até o estacionamento e o Zé atrás, subi numa arvore, o professor chegou e explicou que era tudo mentira, tudo fazia parte do seu plano, quando desci da arvore, o capitão me levantou e me jogou nos ombros, rumo ao pódio.
  _Vamos lá NILTÃO, buscar nossas medalhas.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

A treta




  O time juvenil disputava o campeonato do D.E.F.E, era o ano de 1979 e eu jogava no infanto-juvenil, estava de torcedor, já que, à essa altura estávamos desclassificados do campeonato.
  Era o jogo de volta das semifinais, o adversário era o poderoso time da UE-21 Febem da Raposo Tavares, que aliás, nem existe mais.
  Era o jogo da volta, porque o primeiro havia sido disputado na casa deles...meteram a mão e o jogo terminou empatado em 1x1.
  . Naquele jogo, nosso time teve que esperar a escolta da polícia para sair da UE-21...então, nem precisava anunciar que ia ter a revanche.
  . Na bola mesmo, era quase impossível segurar o Tadeu, o Valdevino e o Baianinho, portanto...é claro, foi um chocolate.
  E a torcida provocava.
  . Sabe quando todo mundo pode prever o final da história???pois é, mas havia em nossa torcida, um tal de José Carlos, o Biriba, dentre todos os torcedores, era o que mais apupava, ofendia mesmo, os adversários.
  Os jogadores da FEBEM já estavam de olho nele.
  Metade do segundo tempo e o placar era 4x1 para nós...o gol deles foi contra, é claro, marcado pelo Zé Almir...outro gol contra.
  O técnico Ditinho resolve substituir o Vagner, pelo Celso Baiano.
  Bom...todos sabiam que o Celso só entrava em campo para brigar, (O Telê Santana fez o mesmo com o Anselmo, quando o Flamengo foi campeão mundial) portanto, estava desenhado o final do jogo.
  Nesse exato momento, o Tadeu ganhou uma bola no meio de campo, levou 5 adversários, fintou o goleiro, o goleiro caído, ele tocou a bola para o Baianinho que, parou a bola na linha do gol e saiu, o Valdevino vinha correndo e pulou de peixinho na bola parada.
  Foi demais, antes de se comemorar qualquer coisa, o Celso já estava botinando alguém no meio-campo e, outros jogadores trocavam chutes.
  Sururu formado, antes que a torcida entrasse em campo, como se fosse combinado, os jogadores da FEBEM correram para a direção da arquibancada...para pegar o Biriba.
  A tragédia anunciada virou comédia.
  O Biriba correndo e os caras atrás dele, em direção ao pavilhão 11.
  Eles aproveitaram a corrida e saíram do colégio, pelo mato da Sabesp, onde o ônibus os esperava.
  _O Biriba?
  _. Está correndo até hoje.

domingo, 9 de julho de 2017

O sangue na periferia

 
   Ah, você gosta de contar de se fazer de malandrão e contar historinhas??
  Então, eu vou contar uma real...
   Em 2002, ano eleitoral, o PT lança a sua última carta, na busca do Palácio do Planalto.
   Cansado de perder eleições nos guetos, para candidatos de direita, fecha um pacto com o P.C.C e, a partir de então, fica proibida a entrada de qualquer material eleitoral, que não fosse do PT, em todas as favelas, morros e condomínios da periferia de São Paulo.
   Habilmente, a figura do líder comunitário foi substituída pela do traficante e ou alguém de sua confiança.
   Os Raper's jamais dirão isso, eles fazem parte desse contexto, pregaram o ódio e prepararam a invasão e, ainda lucram com isso.
   Para a grande mídia o fato não tem importância, as vidas que se perderam, são só estatísticas.
   Essa, ninguém me contou, eu sou um sobrevivente.

  Salve Chácara Bela Vista, Zona Norte e os meus amigos que tombaram.

O quebra gelo.


   A pergunta que o jovem havia feito, demandava um pouco de reflexão, no suspense, todos esperavam uma resposta contundente.
   _Por que um jovem de escola pública da periferia, havia se juntado à estudantes de classe média, contra o regime???
   Podia ter respondido rápido, mas, respirei fundo e olhei o microfone, dava mesmo a impressão de profunda reflexão, um ar assim meio filosófico e compenetrado.
   Fez-se um silêncio de expectativa, a plateia entrou na minha pilha e, pacientemente esperou pela resposta, de acordo com o que eu dissesse viriam as palmas ou os apupos.
   De mão do comando e senhor absoluto da situação, respirei fundo e disse:
   _Pra pegar as meninas.
   Primeiro vieram as risadas e seguiu-se uns 5 minutos de palmas, um estudante da primeira fila deitou-se no chão, para rir melhor, como se alguém o tivesse descoberto.

Voltando ao movimento


   Acho que não me fiz entender nessa questão, não joguei pedras no sentimento civil dos paulistanos.
Primeiro, atribuir o vandalismo à pichadores é um disparate, pichadores não jogam tintas, muito menos tinta rosa.
   Segundo, falei do fato de não estar por ali, nenhum policial, ora estamos no bairro do Ibirapuera e não na periferia.
   E o candidato do governo aparece de madrugada, mostrando sua indignação, às vésperas da eleição, nossa que coisa.
   Não sei se você sabe, mas, a força policial responde ao governo do estado.
(postagem no Facebook, em 04/10/2016)

sábado, 8 de julho de 2017

Ah, me bata uma cebola.


   Já não basta as abóbrinhas cotidianas que nos enfiam goela abaixo, vem agora essa conversa de espionagem.
   Me pergunto, o que tem no Brasil, que mereça ser espionado???
   Nossa internet não tem 15 anos, tem locais no país que nem tem eletricidade, nem temos uma cadeira no Conselho de Segurança.
   A visão do mundo com relação à nós é:
   Saindo de Copacabana, você pega um cipó e cai na floresta amazônica e lá, se fala espanhol, para eles, o Brasil é o país mais importante, depois de ninguém.
   A conversa que o Obama ouviu foi essa:
   _Alô, é da portaria ?
   _Pois não.
   _Diz para o menino da quentinha, que a presidenta vai querer o rango sem pimenta.
   _Tá certo, vai apostar no bicho hoje???
   _Não, tô sem dinheiro...
   _Assistiu ao jogo???
   _Não, a novela estava boa.
   _É mesmo???me fala.
   _Teve o beijo gay.
   _De novo??
   _Desta vez foi de mulheres.

(postado no Facebook, em 06 de Julho de 2015)

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Um título na marra



  . No primeiro ano do Dínamo Futebol Arte, em 1993, ainda havia o Buda na zaga, o Alex e o Ademar compunham o meio de campo com o Alemão, o Cosme, o Dener e o Lucas faziam um ataque rápido e o Elves, nosso goleiro, pegava e marcava gols, mas faltava o título da casa.
  No fim do ano, chegamos à final do campeonato do João XXIII.
  O seu Francisco do Palmeirinha era o organizador, o Barcelona do Jd Arpoador foi o outro finalista.
  Ainda que, meu time estivesse voando baixo, não tínhamos reservas, geralmente, a parada se resolvia na hora e, se alguém se machucasse, ficava em campo ou o time jogaria com menos um atleta, até porque, só possuíamos 10 camisas de linha e a do goleiro.
  O campo do Uirapuru estava lotado, o jogo não deixava a desejar, na véspera, havíamos participado de um festival no Rio Pequeno e a qualquer hora o time ia dar sinais de cansaço, o técnico do Barcelona sabia disso e veio preparado, trouxe dois time para campo.
  A habilidade do meu meio de campo era conhecida, o Alemão e o Ademar mandavam em campo e levamos o jogo para o intervalo, com a vantagem de 2x0, na volta, havia um novo time para enfrentarmos, totalmente descansado, se o nosso time já ‘ficava sem fôlego, eles estavam novinhos em folha.
  Na metade do tempo, eles marcaram o primeiro gol e não demorou para vir o gol de empate, sem nada mais a fazer, mandei meu time recuar para aguentar o empate, foi então que reparei que o time que saíra de campo, estava todo na sombra do vestiário, esperando para voltar na prorrogação.
  Nessa época eu não tinha um auxiliar, minha filha, que seria mais tarde a minha auxiliar tinha 6 anos e estava lá, olhando os irmãos dela...tive que discutir comigo mesmo, para acertar o que eu ia fazer, para sair daquela Zica.
  Meu time, já exausto, não sofreu o terceiro gol e conforme a partida ia se aproximando do final, o adversário foi diminuindo os ímpetos, à essa altura o time reserva deles já se aquecia.
  Fui ao carrinho do meu bebê, que dormia, vigiado pelo cachorro Boomer e peguei a tabela do campeonato, olhava para o jogo, gritava com os jogadores e disfarçava que lia o regulamento do campeonato, pois, sabia que todos me observavam.
  O juiz apitou o termino, o outro time que já havia se aquecido, entrou em campo, para chutar bolas ao gol, como é hábito dos meninos, meu time saiu, mandei que se sentassem na arquibancada, eles estavam só o pó da rabiola, meninos de 12 anos, valentes feito adultos.
  O juiz já saíra do campo e conversava com o seu Francisco, no barzinho dele, tomei folego, vesti a minha máscara de diretor e fui ao seu encontro.
  _E aí, juiz...vai marcar o nome dos batedores agora???
  O juiz, que era filho do seu Francisco, chamou o pai, o pai se mostrou mais surpreso que o juiz, foi chamar o Arlindo e o Nenê, os técnicos do Barcelona.
  Começaram um bate-boca sem fim, acerca do regulamento do campeonato, outras pessoas vieram em socorro do adversário e outras, para socorrer os organizadores, no outro lado do campo eu podia visualizar os meus filhos e os atletas do Dínamo, sentados à minha espera, o bate-boca se acalorava, fomos todos para a mesa, procurar o regulamento, não havia nenhum lá e, era só o que eu precisava saber.
  Com o meu regulamento na mão gritei firme:
  _O regulamento, que todos assinaram, é bem claro... em caso de empate na final, a disputa será nos pênaltis, enquanto eu lia, mostrava com o dedo indicador a cláusula e o parágrafo.
  Os dirigentes do Barcelona mostraram-se indignados, parte da torcida gritava para ter mais jogo, a outra parte pedia para se cumprir o regulamento.
  Respirei fundo de novo e coloquei outra máscara, fui calmamente à mesa e disse:
  _Se vocês fazem tanta questão desse título, podem leva-lo, passa para cá o troféu de vice que eu já estou cansado disso tudo e, caminhei lentamente, para o lado que a minha turma estava acampada.
  Antes que eu pudesse chegar neles, o juiz me alcançou e disse para eu dar a lista dos 5 batedores.
  Ganhamos os pênaltis por 5x3, arrebanhamos o troféu e comemoramos com uma volta olímpica no campo.
  Quando estávamos saindo do campo, bem ao lado da creche, o Alex, que havia pego o regulamento, leu:
  _"Em caso de empate na final, haverá prorrogação com 2 tempos de 15 minutos".
  Arranquei o papel da mão dele e gritei:
  _Cala a boca moleque, quando chegar nos predinhos, todo mundo sai correndo.