quarta-feira, 29 de março de 2017

Em memória do amigo Betão.


Era o ano de 80, inverno rigoroso, tanto que, me demorei para decidir se ia ficar no pavilhão ou ia sair com os amigos, pegar um som, posto que, era sábado.Quando decidi, fui atrasado, o ponto de encontro era sempre o mesmo, sempre íamos para a rua Osvaldo Libarino, ali, na ponta da favela, juntávamos a turma e andávamos à cata dos bailes, lá moravam o Biá, o Cesar e o Galego. Quando cheguei, pude ver que, ao lado da pick-up Ford do Macalé, que já não andava há muito tempo, havia uma fogueira e 3 meninos se aqueciam nela, eram os dois Djalmas e o Betão.Os dois Djalmas eram internos do Educandário Dom Duarte feito eu, o Betão morava com sua família, gostava de uma boa piada e quando começava a rir, dava trabalho pra parar.Era daqueles sujeitos da paz, de boas amizades e muitas piadas, pra falar a verdade, já começava a graça na família... sendo filho de Santista e tendo 2 irmãos Corintianos, a peça torcia pro Palmeiras, ou seja: piada, logo de testa.Quando me juntei a eles, era o que ele fazia mesmo, os outros 2 riam compulsivamente, perguntei onde estava a turma, ele disse que alguns tinham ido pra Flamengo, mas lá estava devagar, resolveram conferir o baile da Santa Barbara, perto do final do João XXIII, era assim que funcionava... o pessoal saia no rolê pelo bairro, cada grupo prum lado, depois todos se juntavam no melhor som, a gente podia ficar tranquilo, que dali à poucos, alguém viria dizer qual o melhor rumo.Enquanto ouvia as piadas do Betão, aquecia as mãos no calor da fogueira e dava uns goles no copo de vinho seco, que passava de mão em mão (à isso se dava o nome de "fazer a carioca").
Enquanto ele falava, ajeitava o cabelo, para arredondar o Black, os olhos verdes brilhavam no reflexo das chamas, chamá-lo de Betão já era uma piada, ele era menor que o irmão mais novo... o Rogério, a mãe tinha lhe dado o nome do rei Roberto Carlos e, é claro que isso era, sempre motivo de risos.
Em toda a turma, ele era o único que não tinha diferença com ninguém, quando havia uma discussão entre os amigos, lá estava o Betão pra separar os desafetos.
Ficamos nessa madorna um bom tempo, repentinamente, ouvimos uma correria, alguns meninos desciam a João de Lorenzo em desespero, foram ao nosso encontro, o Reginaldo ainda arfando perguntou da turma, disse que no meio do baile na Flamengo, o tal do Caveira havia prendido os nossos amigos, queria uma fita que ele não soube explicar.
Caveira era um sujeito de maus bofes, que se denominava dono do Jardim São Jorge, o Pelezinho (12) e o Coquinho (24) estavam sob o seu controle, disse o Reginaldo (que era primo do Betão), se a turma não corresse, eles iam sofrer.
Os Djalmas eram pivetes, eram corajosos, mas, pivetes... eu e o Betão nos entreolhamos e foi o Betão quem falou:
_ É... Niltão, não vai dar pra escapar dessa não.
Eu não falei nada, meus amigos estavam em perigo e, ainda que, fossemos o time reserva e a probabilidade de a gente tomar uma surra fosse grande... amigo é amigo.
Enquanto percorríamos o caminho até lá senti a adrenalina explodir, pensava na briga, eu tinha 14 anos e boa estatura, os outros quatro eram baixinhos, tudo bem, eu teria que brigar por mim e pelos outros, e pensar que uma dessas eu estaria dormindo.
Deu pra saber onde era o lugar certo pela música, tocava Bar Kays, ao nos ver, o DJ puxou a agulha do toca discos e ficou de costas, na defesa do aparelho de som.
Ganhei a sala, os meus amigos atrás de mim, o Caveira saiu da cozinha, ela media uns 4 dedos a mais que a minha altura, usava óculos escuros, caminhou ao meu encontro, ergui os braços e as mão, em gesto de Angola, ele fez o mesmo, ficamos numa distância de menos de um palmo, um do outro.
Quando eu ia começar o diálogo, o Caveira deu um pulo pra traz, os outros membros da quadrilha fizeram o mesmo, olhei pra traz e pude entender.
Já do meu lado, o Betão gritava, com a mão direita enfiada nas calças:
_Cadê os meus amigos???
Nunca havia visto o meu amigo daquele jeito, parecia um psicopata, dois dos amigos do Caveira pularam a janela e sumiram na noite, enquanto ele gritava, pigarreava e piscava, até eu fiquei com medo.
O Pelezinho e o Coquinho saíram de um dos quartos e se postaram na nossa frente, o Betão fez sinal com a cabeça, pra gente sair, ficou ali, olhos fixos nos caras, quando percebeu que já estávamos todos do lado de fora, saiu, ainda de frente pra eles.
Ganhamos a rua em silencio, ninguém saiu da casa, caminhamos 2 ou 3 quarteirões e o Betão rompeu o silêncio:
_Niltão, tá na hora de a gente correr.
_Correr pra que? Você não está com o berro na mão???
_. Quando foi que eu disse isso???
Aí bateu o pânico, iniciamos a corrida, deu para escutar alguns tiros, mas já estávamos no nosso território.
Enquanto corríamos, escutávamos o Betão gargalhar.

terça-feira, 28 de março de 2017

O anjo da minha rua.


A juventude tem momentos que vão te marcar para a vida toda, alguns rostos serão esquecidos e outros serão eternizados, da dona Havanir eu guardo um rosto bonito e sereno, os olhos verdes que cativavam, já surgiam as primeiras rugas e os fios brancos completavam o quadro de beleza singular.
Essa senhora tinha por hábito, cuidar de quem não tinha recursos, enfermeira de profissão, cuidava dos doentes em suas casas e, vez em quando, fazia um parto, como bem cabe à um anjo.
Já tendo vários filhos seus, também assistia aos meninos que não tinham mãe, mesmo correndo, sempre se tinha um tempo para ouvir os conselhos da dona Havanir e, eram poucos, os adultos que mereciam essa consideração de nossa parte, ela olhava nos olhos, via nossas almas e, sempre vinha um conselho.
Claro que crianças crescem e, trilham caminhos perigosos, a estrada do mal exige que o preço da sobrevivência seja a fúria, a inocência dá lugar ao extinto de sobrevivência, via de regra, o mais forte se sobressai e os anjos são esquecidos, a menos que...
Estranhamente, eu nunca vi a dona Havanir em outro cenário que não fosse a rua Osvaldão e, ainda que ela tivesse a sua família e morasse ali, eu nunca entrei em seu quintal, sempre a via e conversava na rua mesmo.
Estávamos em oito, lá para os lados do Taboão e, nos envolvemos numa briga séria, não vou citar os nomes dos outros sete e, no fim da narrativa, creio que você vai entender o motivo.
Eu tinha dezessete e a fúria estalava, nos vimos em menor número e decidimos ir à casa de um dos integrantes da turma, pegaríamos uma arma e mostraríamos nosso valor a balas, em passos acelerados, partimos pra Osvaldão.
Do asfalto do BNH, atrás das arvores principia uma descida, um grosso tronco deitado servia de ponte, por cima do córrego Bota frias, noite sem lua, aquela parte não era iluminada e tivemos que atravessar a ponte, um de cada vez e ganhamos a rua., com o portão do cemitério à nossa frente, na metade da rua chegamos à tal casa, de posse do canhão iniciamos a volta, todos juntos.
No fim da rua, uns barracos acabavam de ser construídos e havia umas famílias novas ali, quando chegamos nessa parte vimos um vulto branco saindo do portão de madeira.
Estacamos diante do susto e permanecemos a olhar, depois da confusão percebemos que era a dona Havanir em seu uniforme de enfermeira, quem estava com a arma escondeu-a, eu dei um passo atrás e me escondi, em vão, ela veio em nossa direção e, mesmo no breu que estava, reconheceu um por um.
E, então???não éramos mais crianças e aquela senhora nos fazia ter vergonha de fazer coisas erradas, eram duas da madrugada, alguns respingos de sangue no avental dela, denunciavam que ela acabara de trazer mais uma alma ao mundo, devia estar muito cansada e mesmo assim, parou para aconselhar-nos.
Como eu disse, ouvi os conselhos desse anjo mais de mil vezes, esse especificamente, me aturdiu. Ela disse numa voz muito serena e não falou do jeito que era seu costume, estranhamente ela disse:
_Meninos, essa vida não dá camisa a ninguém.
Esse tipo de vocabulário não fazia sentido, dito por uma pessoa da geração dela, muito menos cabia à uma pessoa notadamente religiosa, esse discurso demorou uns vinte minutos, quando ela terminou eu já não tinha mais a convicção de abrir caminhos a bala e me impor pela violência, se despediu e se dirigiu à sua casa, ficamos acompanhando os passos dela e só retomamos o nosso caminho quando ela entrou em casa, quando chegamos à ponte, as palavras dela ainda reverberavam na minha mente, parei e disse aos amigos:
_. Ô gente, não leva a mal não...meu caminho acabou aqui.
No breu daquela escuridão, ninguém disse nada, o Djalma do 15 veio para o meu lado, os outros atravessaram a ponte e sumiram para os lados do BNH, fizemos o caminho de volta ao Educa e, só de manhã o Djalma falou a respeito:
_. Não dá camisa hein?!?!
Era inverno de 1983, estou completando 52, o Djalma é vivo, mas, não curte redes sociais.
Os outros seis, contando seis meses dessa noite, tiveram mortes violentas.
Eu quero acreditar que a dona Havanir, continua a encantar a vida com seus olhos verdes de anjo.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Questão de sorte

Em 1991, eu trabalhava na Usina de Traição, um posto da Eletropaulo e a Avenida Ayrton Senna se chamava Avenida Jânio Quadros.
Nelson Mandela havia acabado de ser libertado e o governo do estado de São Paulo o recebeu com honras de chefe de estado, por questões de segurança, o itinerário da comitiva não foi divulgado, pela televisão o vimos chegar e nos contentamos com tal honra.
Não existia um ônibus que fizesse o caminho de Pinheiros até a Ponte João Dias, onde se localiza a Usina, portanto eu tinha que descer na Paineiras e fazer esse caminho de seis Quilômetros, beirando o muro do Jóquei Clube, na sola.
Quando ouvi a sirene dos batedores, já estava no meio fio que separa as duas pistas da avenida, o semáforo fechou e a minha ficha caiu, dentro da Limusine negra estavam o futuro presidente da África do Sul e a esposa.
Do lado esquerdo do carro, o meu lado, a esposa Winnie apoiava o cotovelo na janela e segurava a porta com a mão esquerda, em seu dedo médio reluzia um anel de ouro que ostentava uma enorme pedra azul.
Motos da PM à frente e atrás do carro e eu estava a menos de dois metros, alguns passos firmes e fiquei ao lado da Limusine e como alguém que não perde a chance que cai do céu, me curvei, peguei a mão da Winnie e beijei, o simpático Mandela sorriu e eu o cumprimentei inclinando o corpo na Angola.
Diante da cena, não restou aos seguranças nada, além do sorriso cúmplice e o coçar de cabeça... e o sinal ficou verde e a vida continuou.
Existem coisas e fatos, que a sorte traz que soam como inacreditáveis, a sorte não manda dinheiro, ela te preserva e te mostra que a vida é só uma questão de estar no mundo em paz.
Quando o Adilson (Ovinho) foi encontrado por sua família, contou-lhes que, eu era o amigo que sempre o consolava nos piores momentos de solidão, ele não se conformava por ser órfão, nos domingos de visita sempre saíamos em aventuras.
Fui visitá-lo em sua nova casa e a irmã me disse:
_Vou compensá-lo por aliviar a dor do meu irmão.
Chamava-se Claudia e era empresária do ramo artístico, tinha uns 25 anos e uma beleza invejável, eu disse que fiz o que um amigo faz e dei de ombros.
Quando a banda Earth, Wind and Fire foi trazida ao Brasil pela Chic Show, contou com o apoio de uma jovem empresária paulista.
Eu jogava bola no campo do 14, quando me gritaram do barranco:
_Tem uma mulher linda, num Porsche te chamando, Niltão.
Corri e subi o barranco e vi a Claudia na área do pavilhão, tinha uma sacola de Shopping nas mãos.
_Vai se lavar e veste essas roupas, que hoje te pago a dívida do meu irmão.
E foi assim, que o cara mais pobre do mundo, assistiu ao show da maior banda de todos os tempos, em cima do palco do Anhembi.

segunda-feira, 13 de março de 2017

A latinha

Tem horas que dá vontade de xingar.
Você já foi deitar cansado, ajeita a cabeça no travesseiro e solta o último suspiro, aquele suspiro que te separa da consciência, nesse instante você sente que o peito está congestionado_Que coisa, não vai dar pra levantar.
Nesse momento, as pernas e as mãos já te abandonaram, só resta dormir assim mesmo, o cérebro já está lento...
De lá, do fundo da consciência, uma vozinha te diz:
_A latinha está embaixo do travesseiro.
Lutando contra o sono, a mão tateia e acha a latinha, mas pára, o sono é implacável.
A consciência te acorda, lembrando que a coisa pode ficar pior, lutando muito contra o sono, a mão traz a latinha para o encontro da outra e para...foi o sono que veio.
Segundos depois, a consciência volta, de posse da latinha, suas mãos passam a tentar abri-la, logo no dia que você cortou as unhas, segue uma luta ferrenha entre os dedos e a tampa da latinha, um palavrão cai bem agora...mas, cadê a voz???
Outra vez, o sono te acalma e paraliza_deixa pra lá_diz a vozinha e tudo se apaga.
Mas a consciência te acorda, segue um tempo pra você lembrar o que estava fazendo..._Isso, a latinha.E, recomeça a luta... a tampa e a unha.
Muito tempo depois, entre o sono e o desespero da batalha, a lata se abre, você passa o dedo, procurando o creme milagroso...vazia.
Filha d......o sono tomou conta, já era.

terça-feira, 7 de março de 2017

Meninas e meninos são diferentes...


E, se engana quem pensa que é função dos avós educar os netos, educar os filhos já foi um serviço desgastante, ver os filhos desobedecendo a tudo e dando certo na vida, nos faz ver que a vida vai mesmo é com desarmonia. Quando fomos pais, carregávamos o fardo da responsabilidade de, sem saber o resultado, dar o nosso melhor pra não falhar, envelhecemos e descobrimos que não precisava ser tão duro, de um jeito mais tranquilo se conseguiria o mesmo resultado. Tornamo-nos avós, quando temos a tranquilidade da visão longa e todo o carinho que faltou aos filhos, os netos ganham com juros e correção.
Portanto, nossa função é ensinar aos netos a fazer foleragem, ver um neto arremessando uma pedra ou subindo numa árvore, tem o mesmo peso de um diploma do filho.
Nessa batida, ensinei meu neto Miguel a jogar dominó, não aquele ensinamento didático, de regras e tudo mais, aquela coisa chata de escola, ensinei como o dominó é jogado nos bares, olho no olho, gritando, contando pedras, blefando e xingando o adversário.
É da natureza dos meninos, essa competitividade sadia, aprendeu comigo e desafiava o pai, depois de certo tempo, passou a bater no pai e a chama-lo de marreco.
Uma tarde simulei uma aposta, usamos as notas falsas do Banco Imobiliário começamos as partidas, quando ganhava gritava pra comemorar, quando perdia alegava que havia sido roubado. Tarde à dentro prossegue o jogo, numa concentração de dar inveja num profissional, meu dinheiro foi acabando, travou o jogo e na contagem das pedras, virou a bucha de branco:
_Toma marreco. E subiu na mesa, pôs-se a dançar.
Falido e sem graça, não me restou nada, senão cobrir o rosto e, diante da dança da vitória, lamentar:
_Meu Deus, eu criei um monstro.
Dia desses a neta estava em casa, resolvi ensinar o mesmo jogo pra ela, é claro que a menina é mais delicada por natureza e a gritaria a assustou no início, mas eram dois mestres a ensiná-la e foi fácil, bastaram algumas horas e estava entendendo tudo.
Bateu o jogo, timidamente colocou a pedra na mesa e anunciou a vitória, o primo, apesar de ser mais novo, pegou a pedra e disse:
_Julia, é assim que se faz_ bateu a pedra com violência e gritou:
_Bati marreco.
Tive a nítida impressão de que ela jamais faria a coisa desse jeito, ter ganhado ou não, não lhe fez a menor diferença.
Recolhi todas as pedras, embaralhei-as e cada qual pegou as suas sete.
_Julia meu amor, Já que você bateu agora você sai. Disse eu.
A menina levantou-se da cadeira, foi até a minha, me deu um beijo na testa e disse:
_Depois eu volto tá vovô. Disse isso e foi-se embora.
Com a boca aberta ficamos, eu e Miguel, sem acreditar no que havia acontecido.
Ficamos assim por uns longos minutos, depois o neto bateu no meu ombro:
_Deixa vô, ela é menina.

O avô e o neto

Dois caras, passeando à toa, como toda manhã.
eles estão numa bicicleta, dessas com cadeirinha
pra criança.Tem um radio instalado e, como sempre,
a trilha sonora é clube da esquina, os dois cantarolam,
acompanhando a música.
Miguel= Vô, me fala...
Nilton= Fala o que ??
Miguel=O que você é do meu pai??
Nilton=Sogro
O menino ouviu a resposta e a palavra era nova, fez um
ar de reflexão, pareceu que mentalizava-a pra não
esquecer mais, instante depois, distraiu-se e voltou
a cantarolar e o passeio continuou na paz.
Cinco minutos depois, desandou a rir, um riso de
criança, riso honesto.O avô parou a bicicleta na guia
e parado perguntou:
Nilton=Que aconteceu, menino???
Miguel=KKKKKKK, o vovô é OGRO.

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Nome de anjo.



Todas as mães estão cansadas de saber que essa coisa dá errado, chamar uma criança por nome de anjo é como dar aval, a um tipo de comportamento e, acaba sendo um desculpa.Esse tipo de guri leva a pessoa ao extremo, já no extremo, a pessoa, ao invés de gritar uma blasfêmia, grita um nome bonito.No fundo da minha casa, mora o Gabriel, ao lado dessa, vive o Samuel, são meninos silenciosos, quase não se ouve a voz deles.
Em compensação, de meia em meia hora as mães gritam:
_Fecha a torneira Gabriel, vai terminar apanhando.
_Para de subir no muro Samuel, não aguento mais.
É, nós também temos o nosso próprio anjo, aqui em casa.
Miguel, sua peste, não mexe na tomada, vai desligar o comput............