Sem saudosismos, é que, eu já havia escrito uma postagem a respeito e, ela sumiu.
Então, vou reescrevê-la e, não tocarei mais no assunto, pelo menos, farei o possível.
A piscina do Educandário Dom Duarte era o lugar que eu mais gostava de
frequentar, depois do campão e do teatro ...e, estranhamente, eles estão
desenhados numa linha reta se, se continuar a linha, tem o campo do 15 e a igreja.
Sempre gostei da piscina e, entrava n'água mesmo em dia de frio. Mas,
gostava tanto que, na adolescência, me orgulhava de ser um dos ajudantes
do Luís Paulo, a vantagem era que, enquanto os outros guris usavam a
piscina, cada um no horário do seu pavilhão, o ajudante e o Luís Paulo
ficavam dentro dela, o dia todo.
Outra coisa que o Formigão também
fazia, era ensinar os guris a nadar, com ele aprendi a salvar pessoas em
vias de afogamento e, ao longo da minha vida, devo ter salvado umas 13
pessoas, no mínimo.
Aprender nadar levava um tempo, coisa de uns
dois meses, para ter certeza mesmo do aprendizado, uns quatro meses, no
entanto, nadar eu não aprendi com o Luís Paulo, foi com o Salvador, um
valentão...senta que lá vem história.
Na primeira semana de Educa,
eu com a idade de dez anos, tive a honra de conhecer o Salvador, esse
tinha uns 15 ou 16 anos, cuja a maior diversão era importunar os meninos
menores, o problema comigo é que nunca tive o perfil de uma boa vítima
e, sempre dei trabalho aos valentões, devolvia tudo na mesma moeda,
quase sempre, com troco desproporcional.
Enquanto os meninos de um
pavilhão faziam uso da piscina, os outros aguardavam o seu horário, a
arquibancada e os arredores ficavam apinhados de internos que esperavam
sua vez.
Esperando na arquibancada, estávamos eu, o Viana e o Feliz,
o Salvador passou por nós e fez uma piada ofensiva que se referia a
nós, claro que tal piada, se fosse feita por um guri da minha idade,
geraria um bate-boca e, consequentemente, uma briga seria a
consequência.
Mas, um menino de dez anos jamais briga com um de
dezesseis, fisicamente não se pode nem imaginar, então eu fiz a única
coisa que um guri que não leva desaforos pode fazer, levantei-me
desafiador e respondi:
_. É a vaca da sua mãe.
No mesmo instante
da minha frase, deu para ver os olhos do valentão, crispavam de ódio,
antes que ele precipitasse a corrida, eu e os parceiros já estávamos
correndo, do lado de fora do banheiro da piscina uma trilha estreita
antecedia o barranco que leva ao teatro, corremos e ganhamos as arvores
que circundavam o lago, em desabalada corrida passamos pelo bambuzal e
demos a volta completa no lago, com o Salvador em nosso encalço.
Quando chegamos na frente da piscina, a porta já estava aberta e os guris do 14 já entravam, entramos junto.
O problema é que, o valentão também era do 14 e, é claro, entrou
também, fila para o banho de mangueira e o pulo na piscina, eu não sabia
nadar, pulei para o lado raso e fiquei ali, a minha esperança era que,
pela presença do Luís Paulo ali, o Salvador fosse fazer uma trégua.
Por uns cinco minutos me deixei ficar tranquilo e, me esqueci do ocorrido, num susto, me vi erguido no ar, acima da água.
Do lado de fora da piscina, o Salvador andava comigo levantado pelo
calção, cruzou ela toda, subiu na prancha do trampolim e me jogou na
parte funda.
De olhos abertos senti que havia chegado nos azulejos
do fundo, joguei o corpo para cima, respirei e dei umas braçadas
descoordenadas, ajeitei o corpo e passei a bater os pés, feito isso,
percebi que já havia chegado na parte rasa, podia pôr os pés no chão,
dei meia volta.
Quando me jogou na água, o Salvador pulou também,
para garantir que eu não me afogasse, nadou ao meu lado, quando percebeu
que eu voltava pro fundo em vigorosas braçadas, saiu pela borda e se
sentou abismado, cheguei no lado fundo e subi, alguns meninos, junto com
o Luís Paulo, aplaudiam a minha façanha, subi no trampolim e não fiz
pose, lá estava o Salvador sentado na borda, pulei justo do lado dele,
com as pernas cruzadas, pior que o banho, foi a vergonha que ele passou.
Quatro, no máximo cinco segundos, foi o tempo que durou o meu curso de
natação e, nunca mais alguém me viu naquela parte rasa da piscina.
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